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Ecossistemas educomunicativos: um paradigma para o mundo pós-pandemia

Marcus Vinicius de Souza Nunes (Florianópolis,SC) | Equipe da Cobertura Colaborativa dos Colóquios* Não é uma tarefa fácil apresentar a Prof. Dra. Ademilde Sartori . Líder do Grupo Educom Floripa, Professora Titular da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC), responsável pela disciplina “Educação e Comunicação” no Programa de Pós-Graduação em Educação da mesma Universidade, é uma das mais ativas pesquisadoras do país, pondo em conexão professores, estudantes, pesquisadores e profissionais no Brasil e América Latina. Graduada em Física, mestra em Educação, Doutora em Comunicação, sua capacidade de transitar por várias áreas, seu compromisso com a transformação social que a prática pedagógica produz, e sua vasta produção científica, fazem dela um dos principais nomes da Educomunicação. Foi com uma conferência intitulada “Práticas Pedagógicas Educomunicativas e isolamento social: perspectivas para ecossistemas educomunicativos” que a Prof. Ademilde, dia 19 de março, encerrou as atividades do VIII Colóquio Ibero-Americano e IX Colóquio Catarinense de Educomunicação. Mediada pela Professora Dra. Vanice dos Santos (UFPB), sua conferência foi um convite feito com a razão e o coração para repensarmos os paradigmas da educação no mundo pós-pandemia. A Educomunicação, segundo a Prof. Ademilde, é precisamente isso: um novo paradigma que desafia os modelos tradicionais e tecnicistas, centrados no professor como o sujeito principal da prática pedagógica. Se nas lógicas tradicionais de ensino as mídias são pensadas como um instrumento à disposição, na prática educomunicativa elas são partes integradas ao processo. Aliás, segundo a conferencista, a pandemia do Covid-19 acelerou essa transformação, ao ponto de que “se a discussão sobre a inserção das mídias já não está superada, está comprometida”. Paradigmas educacionais como o construtivismo e o sócio-interacionismo já haviam aberto o espaço para pensar uma pedagogia ativa. A Educomunicação radicaliza essa tendência, e pensa uma educação sobretudo crítica, que coloca o sujeito em relação dialógica com o outro. Na conferência ainda se ressaltou que “não existe prática humana fora da história” . Por conseguinte, precisamos olhar para o evento pandêmico que vivemos e descobrir o que aprendemos com ele. E qual é o resultado desse olhar? Para Sartori, a pandemia provocou uma transformação nos espaços-tempos da escola, contudo, sem planejamento, sem preparação, sem organização. Todos foram pegos de surpresa, um verdadeiro desafio para educadores e estudantes. Mas, é inegável “que os professores têm feito o melhor que podem” com sua formação e condições de trabalho. Além disso, um sem-número de pessoas se empenhou em produzir tutoriais durante a pandemia, e outros materiais que auxiliaram na introdução ao uso das tecnologias. Também os alunos se empenharam e se mostraram solidários uns com os outros e com seus professores. Qual é então a característica essencial desse novo paradigma que precisamos pensar? A Prof. Ademilde sustenta que a noção de “ecossistema educomunicativo” é a chave. Nele, a aprendizagem é colaborativa, com professores e alunos intercambiando papéis constantemente, onde as mídias são um aspecto inegociável da cultura e por tal essenciais ao único processo ontológico formado por educação e comunicação. Na prática pedagógica educomunicativa o meio é rede, um diálogo permanente que acontece de “muitos-para-muitos”, ao contrário de processos mais tradicionais que ocorrem de “um-para-um” (a educação tecnicista) ou de “um-para-muitos” (a comunicação em massa). A conferencista ainda ressaltou a importância do trabalho do Prof. Dr. Ismar Soares (USP) na constituição dessa noção de “ecossistema educomunicativo”, e as pesquisas que ela e o Prof. Dr. Rafael Gué Martini (UDESC) têm feito para elaborar teoricamente o conceito e pensar sua prática. Vale salientar que a Educomunicação tem como uma de suas bases fundamentais o reconhecimento de que “precisamos do querer e do sentir para dar uma resposta pedagógica adequada: a razão e a lógica não bastam”. Ao fim da conferência, a mediadora Prof. Vanice dos Santos, destacou que o encerramento dos Colóquios é pro forma , porque o trabalho educomunicativo continua. De fato, a conferência da Prof. Ademilde Sartori, mais que uma fala formal, mais que um debate teórico, é um documento histórico sobre o compromisso que os educomunicadores assumem com a transformação da sociedade. Para uma fala de encerramento, o Professor Dr. Rafael Gué Martini (Educom Floripa/UDESC), coordenador geral do evento, fechou a noite com a apresentação de alguns números dos Colóquios: Mais de 1200 inscritos; 2.100 pessoas acompanhando pelo canal Youtube, de vários lugares do Brasil, da América Latina, de Espanha e Portugal; 3.900 horas totais entre atividades dos Colóquios e atividades de preparação. A faixa-etária dos participantes variou dos 14 aos 77 anos, com predominância de participantes entre 39 e 44 anos. Rafael ainda manifestou seu agradecimento aos membros da organização, do comitê científico, da cobertura colaborativa e a todos que direta e indiretamente ajudaram a construir o evento. Por fim, Martini afirmou que terminou o evento pessoalmente transformado. Ele acredita que “ a Educomunicação é a ciência capaz de tocar o coração das pessoas, para construirmos a realidade utópica com a qual sonhamos”. Quer rever esta palestra e o encerramento dos Colóquios? Acesse o canal do Youtube Educom Floripa . Você também pode baixar aqui a apresentação da Dra. Ademilde Sartori. __________________________________________________________________________________ * Uma equipe com voluntários(as) de diversos lugares do país está contribuindo com a cobertura dos Colóquios de modo colaborativo. Críticas e sugestões podem ser feitas em coberturacolaborativaeducom@gmail.com

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