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E o que aprendemos do ensino remoto?

Marcus Vinicius de Souza Nunes (Florianópolis,SC) | Equipe da Cobertura Colaborativa dos Colóquios*

Dra. Sara Dias -Trindade , Rosana Cabello e a intérprete Hanna Beer

Na manhã de 12 de março, quarto dia do VIII Colóquio Ibero-Americano e do IX Colóquio Catarinense de Educomunicação, acompanhamos no Canal do Youtube “Educom Floripa” a conferência da professora Dra. Sara Dias-Trindade, da Universidade de Coimbra, em Portugal, que foi mediada pela professora Dra Roxane Cabello, da Universidade de General Sarmiento, Argentina.

Profa. Dra Sara Dias-Trindade

Com o título “Educação Remota e uso de tecnologias na educação: o que aprendemos”, a doutora Sara apresentou o balanço de uma pesquisa conduzida por ela entre os docentes da educação básica em Portugal, durante o período da pandemia. Apesar da diferença entre esse cenário e o brasileiro, muitos pontos em comum foram apontados, sobretudo pela audiência que se manifestou através do chat da plataforma Youtube.

Apresentação destaca a educação digital

Trindade ressaltou que é importante reconhecer que “temos capacidade de nos adaptarmos, de sermos resilientes” e que embora haja muita resistência por parte dos alguns docentes, e mesmo de alunos, o uso de tecnologias digitais na educação é um caminho irreversível em “um mundo cada vez mais digital”. O fato de que “fomos arremessados à educação remota”, segundo a conferencista, pôs em relevo os desafios que ainda precisam ser enfrentados.


Entre as principais dificuldades destaca-se a questão de “como fazer escola, como fazer comunidade digital?” É um desafio porque há uma tendência de simplesmente transpor-se o ensino tradicional para as plataformas digitais. Ao invés disso, a professora Sara insiste que devemos passar por uma grande transformação curricular, em que sejam articulados os conhecimentos científicos tradicionais com a aprendizagem de competências transversais. As competências digitais, sobretudo, devem ser parte não apenas de um componente curricular, mas devem atravessar toda a formação, tanto dos docentes, quanto dos jovens que se prepararão para outras posições no mercado de trabalho.

Palestrante cita autor Tony Bates

Se por um lado “a pandemia afetou a sociabilidade dos alunos", por outro a pesquisa conduzida em Portugal revela que houve um grande salto qualitativo na aprendizagem das competências digitais, em especial entre os alunos mais jovens. Além do mais, a necessidade de transformar os processos pedagógicos para acompanhar a situação emergencial revelou aos educadores que “há muita coisa supérflua no currículo” e que se pode “concentrar no essencial”. Isso não significa a digitalização de todos os aspectos da educação, mas a necessidade da articulação de várias formas de presença, virtual ou física, constituindo um modelo híbrido.

Princípio da Rainha Vermelha

O acesso universal aos dispositivos tecnológicos, e mesmo ao sinal de internet (que não chega em muitos lugares, mesmo em Portugal) é um desafio na construção das políticas públicas, que acabam por ultrapassar a possibilidade de ação dos educadores. Entretanto, os professores descobriram, segundo Trindade, o que ela chama “Princípio da Rainha Vermelha”, baseando-se em trecho do livro “Alice no País das Maravilhas”, de Lewis Carroll: é preciso andar muito para ficar no mesmo lugar. Para acompanhar as transformações da cultura digital temos de estar em constante formação.


O balanço feito na conferência não é pessimista, tampouco otimista. É uma leitura serena dos limites e das possibilidades. A professora Sara oferece disciplinas de “humanidades digitais” na Universidade de Coimbra e relata que os alunos jovens evitam cursá-las por receio de lidar com tecnologias. Disto ela conclui que se “os estudantes não sabem fazer uso pedagógico da tecnologia digital, então a formação é urgente”.


A pandemia acelerou o processo de digitalização da educação, de uma forma que sobrecarregou docentes e estudantes. O retorno gradativo a atividades presenciais em Portugal tem se revelado um alívio. Cada vez se torna mais claro que a total virtualização da educação não é a melhor opção. É preciso construir esse modelo híbrido do futuro já agora. Para isso é necessário construir uma filosofia educacional que assuma a inovação como um passo fundamental.


Confira a programação do evento online que segue até o dia 19 de março. Inscreva-se!

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* Uma equipe com voluntários(as) de diversos lugares do país está contribuindo com a cobertura dos Colóquios de modo colaborativo. Críticas e sugestões podem ser feitas em coberturacolaborativaeducom@gmail.com



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